MIGUEL DOMINGOS_ INTEMPORAL: EFÉMERO/ETERNO

A sensibilidade aliada à experiência pode ser uma combinação incrível. E quando essa experiência é formada por inúmeras -experiências-, está a receita criada. O Miguel não pára. Já viveu em inúmeras cidades diferentes e viajou o mundo. Quem o encontra, numa qualquer praia do sul ou na noite de Lisboa, sabe que, para além desta faceta, é alguém extremamente simpático, disponível e, inevitavelmente, muito talentoso. O seu trabalho, presente há duas décadas, fala por si. Da moda em Paris, à natureza em Bali e à luz de Lisboa, momentos efémeros perpetuados.

Miguel, obrigado por estares aqui na VULTO a falar um pouco sobre a tua vida e o teu trabalho. Estás há muitos anos a trabalhar em fotografia e já passaste por cidades como Londres, Paris ou Nova Iorque. Antes de lá irmos… como é que tudo começou?
Começou quando fui a Londres visitar um amigo e passei em frente da Central St Martins, entrei e pedi informações sobre os cursos que tinham. Na altura estava a tirar marketing e publicidade no IADE mas sentia que não era bem aquilo que queria. Um ano mais tarde entrei na London College of Fashion e fiz um BA em fotografia de Moda.

Porquê Londres? Qual é a sensação de teres dado os primeiros passos lá?
A minha mãe foi professora de Inglês e desde os meus 13 anos que ia fazer cursos de verão a Inglaterra; Londres já me era familiar desde cedo e quando pensei sair de Portugal foi uma escolha natural. Foi uma óptima experiência, conheci gente de todo o mundo. Com alguns ainda mantenho contacto mesmo já estando de volta aos seus países. Há uma oferta incrível a nível cultural e este contacto e acesso a tantas experiências diferentes foi muito enriquecedor.

Algum momento marcante ou pessoa com quem te tenhas cruzado e que te tenha “empurrado” para o caminho certo? Isto porque não é fácil vingar na tua área…
Sem dúvida que o estar “no sítio certo à hora certa” foi decisivo para entrar neste meio. Tenho um amigo que, na altura, trabalhava em Paris durante a Fashion Week e que me disse para ir ter com ele, pois era o momento certo. Logo no dia de chegada fomos a uma festa e conheci o diretor da revista A MAGAZINE CURATED BY, publicação de arte e moda que me convidou para fazer a reportagem backstage dos desfiles de moda. Comecei no dia seguinte às 8h da manhã! Foi um trabalho que fiz durante 7 anos.

Algo bastante vincado em ti são as imensas experiências que já tiveste fora de Lisboa. Aliás, conhecemo-nos num cruzeiro em… 2003, se não estou em erro! Já na altura não paravas muito tempo no mesmo lugar. Acreditas que tudo isto te toca e que, naturalmente, é transmitido e impresso no teu trabalho?
Pois foi, ahahah! Eras um puto! Claro que sim, as experiências que tive, as pessoas que conheci, as exposições que fui ver nesta ou naquela cidade são sempre uma referência e uma maneira de querer fazer algo diferente e encontrar a própria voz. Podemos e devemos inspirar-nos em tudo o que vemos, no que nos rodeia, numa viagem, num livro, num filme.

Em 2015 regressas e… continuas por aqui. A luz intemporal de Lisboa prende-te cá, principalmente depois de tantas aventuras além-fronteiras?
Sim, depois de 15 anos a viver fora acho que Lisboa é sem dúvida das melhores cidades para viver. Não deixo de querer viajar e ver coisas novas mas esta é de facto a minha cidade. A luz, a comida, as praias, as pessoas, a minha família e os meus amigos são o melhor para mim. E há muita gente de todo o mundo a descobrir Lisboa, não só para visitar mas também para viver. Isso é óptimo pelo que elas podem trazer de novo à cidade.

  

Muito do teu trabalho assenta em moda mas sei também que tens investido e estudado na fotografia noções como arquitectura e botânica. Sentes-te a mudar de rumo? Onde te imaginas daqui a 5 anos?
Trabalhei em moda durante 10 anos, fiz um pouco de tudo: fotografia, produção, backstage, campanhas, etc. Tem sido incrível mas não deixei de ter outros interesses. Gosto de encontrar padrões na arquitectura, na natureza e criar imagens gráficas a partir disso. Espero estar com um pé em Lisboa e outro onde as oportunidades me levarem. Gostava muito de expor noutras cidades, em Portugal e no estrangeiro.

(Deixa uma pergunta a alguém que conheças (ou não) e/ou que gostavas de ver entrevistado na VULTO.
Pergunta para o Vítor Serrano: Quais foram as principais experiências que mais o influenciaram no seu trabalho.)