
Mais do que marca, mais do que voz, mais do que corpo, mais do que roupa. A Crush Lush distingue-se por um aspecto minimalista mas que de minimal tem só isso mesmo. As vozes, quais frases bordadas ao peito, elevam-se acima de outro tipo de ruído. Menos intenso, menos alto, menos qualquer outra coisa. A Mónica Francisco, rodeada de uma mão cheia de amigos, criou, no início de 2020, ainda antes de ficarmos todos fechados em casa, uma marca para ser sentida, usada, olhada com calma. Feita para deixar marca: essa, sempre positiva.
Olá, bem-vinda! A Crush Lush veio para ficar?! De que forma é que surgiu a ideia e como é que foi o processo de criação inicial?
Olá! Antes de mais obrigada pelo convite e parabéns pelo projecto. É tão importante darmos voz a… projectos.
Voltando à pergunta: estudei artes e sempre gostei de estar envolvida em temáticas/movimentos sociais. Depois de ser mãe, e durante a minha licença de maternidade, voltei a desenhar e a pensar em algo que envolvesse esses dois temas, as artes e a parte de intervenção social. Foi assim que surgiu a primeira coleção!
A marca veste-se de temas importantes, cada vez mais assinalados nos dias presentes. Antes de abordarmos esses pilares, explica-nos um pouco sobre a viagem do produto: a concepção de uma t-shirt, por exemplo, desde a escolha dos materiais aos bordados e, finalmente, à entrega ao cliente.
Normalmente penso num tema e procuro inspiração em várias coisas: documentários, filmes, fotografias, vida no geral. Depois de muitos esboços (cores, tamanhos, etc.) enviamos para a fábrica e a magia acontece.
Na Crush Lush grita-se sobre igualdade e direitos dos animais. Luta-se contra a homofobia e alerta-se para os problemas mentais. Porquê estas temáticas tão marcadas? Algum acontecimento (ou mais do que um) pessoal, ou chegado a ti, que te tenha feito despertar para a importância de consciencializar, cada vez mais, as pessoas?
Tal como iniciei a conversa, sempre estive ligada a causas de intervenção social. Odeio injustiças. E queria poder intervir de uma forma bonita. Neste caso, o facto de podermos usar roupa, em que ao mesmo tempo diz/defende essas mesmas ideias, pareceu-me o mais adequado. Algumas das mensagens estão interligadas com relações e vivências pessoais, outras são problemas fracturantes que vejo na sociedade e que acho importante intervir de modo a serem falados. Por exemplo, esta nova campanha da saúde mental… para além de ser um assunto que nos tocou a todos este ano, a mim também é algo que me toca bastante, visto que comecei a fazer terapia há pouco tempo. Logo, achei que tinha que falar sobre isto porque me apercebi que existem imensos estigmas sobre o assunto.
Ao longo das campanhas têm-se visto várias caras conhecidas. Como é que chegas a essas pessoas? És de fazer amigos com facilidade? E como é que tem sido a reacção das mesmas ao serem convidadas para dar “nome” à marca?
Normalmente contacto-as por e-mail ou instagram. Algumas são minhas amigas ou conhecidas. A reacção tem sido óptima! Tenho procurado sempre primeiro pessoas que se enquadrem no nosso conceito e depois que também “vistam a camisola” pelo tema que estamos a abordar. Tem sido muito gratificante porque normalmente aceitam sempre e corre super bem. Estou muito grata.
O que reserva o futuro para a Crush Lush?
Acredito que reserva um futuro risonho. Costumo dizer que se em cada edição conseguirmos ajudar uma pessoa só, já valeu tudo a pena. O feedback das pessoas tem sido fantástico e sinto até que estamos a elevar a fasquia. E é isso que me move, adoro desafios.