
Olá, bem-vinda! Quem é a Carolina enquanto pessoa e enquanto artista? Sei que tens uma fonte de inspiração bem grande que vive contigo…
A Carolina é uma carioca de 37 anos, mãe de duas meninas, filha de pai português e mãe brasileira, comunicadora visual e completamente apaixonada e imersa em arte. Já passou por muitas profissões dentro do meio criativo: designer gráfica, designer de cores, estilista, pesquisadora de tendências em moda e finalmente ilustradora/artista.
As minhas inspirações vêm de lugares diversos mas posso dizer com certeza que as mais importantes são as mulheres e as formas das flores e das folhas. Procuro também inputs de cor e formas em estamparia vintage e objectos antigos, principalmente dos anos 50 e 60. No meu trabalho pessoal vêem-se muito também assuntos relacionados a desafios pessoais, luto, dor e resiliência.
Como vieste parar a Portugal? Farta do Rio? Tenho ideia de que foi um processo interessante e que tens algumas raízes… Fala-nos sobre isso.
Vim morar para Portugal porque a violência do Rio passou a ser uma fonte constante de preocupação e ansiedade. Queria poder criar as meninas num ambiente menos hostil, mais calmo e tranquilo. Com a facilidade da língua e da cidadania, viemos para cá. Lisboa parece cidade de interior perto da intensidade do Rio… A adaptação ainda está a acontecer, mesmo depois de já viver aqui há 3 anos. Parecia que seria fácil para mim adaptar-me devido às minhas raízes portuguesas mas Portugal é de facto outro mundo. Gosto muito daqui mas o Rio será para sempre o meu lar. Quero muito não me sentir mais imigrante mas o tempo é rei e, por conta disso, tenho esperança de me sentir em casa aqui o mais breve possível.

Tens muito trabalho a título pessoal e algumas encomendas também. O prazer é maior quanto mais liberdade criativa existe?
Quando o trabalho é pessoal é muito mais interessante mas ao mesmo tempo mais desafiador. É complicado ser a própria fonte de motivação e assunto mas poder criar sem um briefing dá mais liberdade e mais autonomia. Por outro lado, ser paga para trabalhar com o que eu sei, que é desenhar e pintar, traz-me muita alegria e satisfação. Ainda estou “trilhando meu caminho” profissional em Portugal… e como o mercado aqui é menor, está a demorar mais para eu encontrar “minha turma”. Também por ser uma artista que produz trabalhos que estão entre arte e ilustração por vezes é confuso. Demorei a entender que posso ser ilustradora e artista ao mesmo tempo, sem perder por isso. Aliás, tenho dado conta de que ser ambas é uma das minhas características profissionais e assumir isso sem angústia é o meu desafio mais recente.
Onde é que te podemos encontrar?
Trabalho diariamente no meu estúdio em Alcântara, onde também vivo. O Alto de Santo Amaro acolheu-me desde que cheguei aqui e é lá, entre a casa e o atelier, entre o jardim, a beira do Tejo e o miradouro de Santo Amaro que passo a maioria do meu tempo a trabalhar, a passear o cão e a cuidar das minhas filhas Irene e Helena. Monsanto também é um lugar muito especial para mim aqui na cidade, onde, uma vez ou outra, procuro um ar mais fresco para ter mais energia e lidar com os desafios de manter-me criativa e produtiva e não enlouquecer diante do cenário pandémico no qual estamos a viver.
Sobre quem gostavas de ler no futuro aqui na VULTO?
Gostaria que entrevistassem a Verónica. Ela é estilista e também tem uma loja de vinhos naturais em Cabanas de Tavira. Sabe muito sobre o assunto e olha para os vinhos naturais quase como obras de arte. Muito lindo e interessante o trabalho que ela faz.
( A Carolina pode ser encontrada em instagram.com/carolcarvalhal.art/ )